quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ESTAdo

Não sei se a memória disso que vejo é passado ou futuro.
Preservo da minha inércia a ruína do não desejo.
Tudo leva o tempo.
O presente é a minha falta.
Mas se ouvem o grito de quem transita entre rostos conhecidos,
hei de sacudir e arrancar um gemido
da rua que me segue calada.

monólogo de janela

a imagem dela, único bem que me restou
IMPRESSÃO
Sempre senti nojo de barata e medo de lagartixa. De barata por andar em lugares sujos, cheirar mal e ter aspecto asqueroso, sem falar no insuportável plec! de quando morre e da gosma nojenta que fica no chão e no chinelo. Arrepio.
De lagartixa por ser tão pálida e andar de forma ameaçadora com aqueles olhos arregalados que parecem sempre estar olhando para mim, mesmo quando à espreita de um inseto. Mas descobri que eu e lagartixa somos muito parecidas. Lentas, observadoras, tranqüilas e calmas quando longe de uma ameaça, sem falar na palidez. Andamos em planos diferentes, mas às vezes penso se não seria verdadeiro o plano dela e não o meu.
Só me sinto meio barata quando estou com pressa. Não preciso dizer mais nada.
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EUlália
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(não pude trazer a janela.
fiquei sem horizonte.)


segunda-feira, 22 de outubro de 2007

SOBRE O REI

· Ah! o rei? De vez em quando me convida pra um chá, incensos e livros. É inteligente sem ser esnobe. Sedutor... medieval... Está sempre de barba mal feita e cabelos ao vento, gosta de poesia, toca bandolin, observa as estrelas e entende de constelações.

sábado, 20 de outubro de 2007

QUEM SOU EU?

Moro num quadro de naïf, sou uma cor em Frida kahlo, andei fumando charutos com o Jack*, leio poesias com o Pessoa(s), erro a língua com o Manoel e o Rosa, sonho sempre com um Quintana, durmo com o rei, vou às vezes para Passárgada, planejo Galápagos em algum novembro, levo comigo o Elefante do Drummond, namoro Órion e abraço árvores por aí.
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*Kerouac

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.”
John Donne