quinta-feira, 29 de novembro de 2007
texto em fraturas
um fantasma me beija de morte cavada
fere-me de uma impossessão soturna, lenta, pesada.
seguro em concha minha alma alquebrada em dia branco
caminho no horror do vazio preciso
e vou nascer no próximo instante de exata insistência.
o que me devora ainda me faz forte.
memória debruçada sobre uma imagem lisa.
teus cabelos estendidos, longos, longe do meu alcance.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
un ratito que pasa
boluda!
mismo!
y con el tiempo me voy perfeccionando.
me di cuenta.
sábado, 24 de novembro de 2007
"adivinha tarde demais que se mumificara"
dia desses...
_ Apaixonei-me por Joni Mitchell, tô vendo se ela tem outras letras tão maravilhosas. Acabei de ler A case of you, e tem uma frase...
I remember that time you told me, you said,
\"Love is touching souls\"
Well surely you touched mine
Cause part of you pours out of me
In these lines from time to time.
(Eu lembro da época que você me dizia
'Amor é tocar almas'
Seguramente você tocou a minha
Pois parte de você flui de mim
De vez em quando, nestas linhas.)
Tocar almas...
_A Joni é poeta. Todas as letras que olhar serão assim, profundas. Estava desde ontem pensando em dedicar um post a ela. Engraçado te mandar essa música...
...alma, sempre ela.
Diálogo de andanças - sobre essa coisa que chamamos de alma. Papo com o cara mais beat que conheço.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
de 'O céu que nos protege'
_Yes.
_Because we don't know when we will die... we get to think of life as an inexhaustible well. Things happen only a certain numbers of times. And a small number, really.
How many times will you remember an afternoon of your childhood... an afternoon so deeply a part of you that you can't be without it? Perhaps four or five times more. Perhaps not even that. How many times will you watch the moon rise? Perhaps twenty. And yet it all seems limitless.
(The Shelterning Sky)
domingo, 18 de novembro de 2007
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
EM TEMPO
Depois de quatro anos à míngua, ganhamos de presente _literalmente_ o In Rainbows.
No dia 10 de outubro o Radiohead tornou-se responsável por aquilo que no dia anterior o “Times” havia chamado de “The day the music industry died”. Publicaram o novo álbum na sua página na internet e o colocaram disponível para download pelo preço de... _ bem, essa é a revolução _ pelo preço que cada um quiser pagar. O CD torna-se material irrisório, o que contam a partir de agora são os “concertos”. Tem-se notícia de que até o segundo dia já haviam sido descarregados 1.2 milhões de cópias digitais numa média de 8 dólares. E para os que fazem questão do objeto físico, o CD sai a partir de 03 de dezembro.
Não é nenhuma banda anônima de garagem tentando chamar a atenção do mundo. São os autores de PABLO HONEY(1993), álbum referência ao rock alternativo norte-americano sendo 'Creep' a música de maior sucesso do álbum, tocada e tocada durante bom tempo nos programas da MTV ; THE BENDS(1995) foi o álbum que despertou a atenção do mundo para a banda definitivamente, levando 'Street Spirit' ao quinto lugar nas paradas do Reino Unido, e que trás a lindíssima ‘Fake Plastic Trees’ que é tudo o que eu queria ter cantado _ deles até hoje; OK COMPUTER(1997) álbum impactante; KID A(2000) experimentos com música eletrônica; AMNESIAC(2003) seguindo a mesma linha de Kid A; HAIL TO THE THIEF(2003) que é uma releitura da sonoridade dos trabalhos anteriores, e finalmente IN RAINBOWS(2007), um regresso às origens, instrumental perfeito.
Os arranjos bem elaborados, ousados, complexos e melodias tristes colocaram a banda ao lado do Pink Floyd e até, olha só, dos The Beatles.
São influências do Radiohead:
Talking Heads,
de influência marcante para a banda, dona de uma música chamada "Radio Head" onde os meninos se inspiraram para dar nome ao grupo.
Jeff Buckley,
compositor, cantor e guitarrista norte-americano, dono de uma voz singular e timbres insuperáveis;
Can,
banda de rock experimental alemã, de estilo musical baseado em bandas de rock de garagem como The Velvet Underground;
Joy Division,
pós-punk;
Aphex Twin,
DJ e produtor de música eletrônica, considerado figura influente da música eletrônica contemporâea;
Elvis Costello,
cantor compositor e músico britânico, parte do cenário pub rock britânico, mais tarde associado ao punk rock e new wave pra depois ser considerado voz única e original dos anos 80.
O delicioso estágio de sono REM.
E como não poderia deixar de ser... tan daaaannn... o rock progressivo do Pink Floyd.
O Radiohead tem a ver comigo. Adoro as músicas e o timbre vocal puro e anêmico do Thom Yorke.
...pra degustar, do novíssimo In Rainbows.
http://www.youtube.com/watch?v=-kCKob1YKOU&eurl=http://lishbuna.blogspot.com/2007_10_01_archive.html
site oficial da banda: http://www.radiohead.com/
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
apegar-se ao tolo é imperdoável tolice
e num gesto de carinho e respeito dizem adeus,
ficam para sempre guardadas na lembrança de dias bons.
São passado em ritual de revivescência.
Quando as pessoas encontram sua hora de ir
e num gesto imaturo que descoberta sua ausência de essência
partem num 'dar-de-ombros',
delas ficam pedras pontiagudas na memória,
um ar opaco,
uma sensação de tolice,
um verbo rasgado,
um substantivo imbecil.
Toda a minha mágoa é não ter motivo pra amar uma lembrança.
Esquecimento é desmemória e despalavra. É destoante, desistência, desazo, destroço, desusado, desbotado, desvalido, desvantajoso, desditoso, desenredado, destituído e destinatário.
Desvão.
por que não podia ficar o belo?
sábado, 10 de novembro de 2007
sobre o silêncio
É nele que esquecimentos me pertencem,
Me encontro em tudo que me falta
Fantasma memória de plácidas janelas
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Relembranças vigiam em dia raso
enquanto teus olhos me incandescem de dentro
escrito originalmente para a 'Luneta Mágica'
lances de alma
do Rosa
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
PORCAS BORBOLETAS
você me oferece um dos biscoitos que comia.
aceito.
curiosidade em sentir o sabor de sua boca.
trazia também junto ao corpo
um presentinho de seus alunos,
uma rosa.
o dia, atrás de nós, muito branco.
penso então no argumento do poema japônes:
"para você
sem colhê-las
todas as flores do mundo"
insight tardio.
a tarde urgente já havia te levado.
(só sobrou o biscoitinho).
olho para trás, o dia muito branco.
para você, silenciosos, todos os poemas do mundo."
(Danislau Também)
circulação alternativa
coisas interessantíssimas rolando por aí
'léguas - superiores' às porcarias que nos querem obrigar a consumir.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
tudo é uma questão de perspectiva
“Enfie no teu-e-
* ria essa bosta
de teoria!
Na prática...
A merda é sempre outra.”
(Vitória Basaia - artista plástica)
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Cada vez mais
As fronteiras diminuiram... ou aumentaram?
Vamos até o Japão sem sair do quarto e vivemos cada vez mais entre grades.
PÓS-MODERNIDADE
Somos sujeitos fragmentados, pós-modernos. A pós-modernidade é linda?
Somos cada vez mais especialistas e sabemos cada vez menos coisas. Nos aprofundamos numa particularidade e perdemos habilidade para as outras.
Quanto mais especialistas nos tornamos, mais recortamos a nossa vida e acabamos mais dependentes uns dos outros, e ainda assim o diálogo não é estabelecido.
Estamos aprendendo a ser cada dia mais individualistas. Estamos mais sós.
somos pajaros incansábles
El alma está llena. Aquí están las palabras solas que a veces se quedan por el camino, pero 'todo' que hay en ella no puedo aún _ ni yo, ni usted _ sujetar. Entonces me quedo en la contemplación cuando em mi espacio, de sus palabras caen ratos de tu alma que despiertan ratos de la mía.
Comprendo la búsqueda. Comprendo como es morir y nadie mirar. Comprendo como es sentirse sola y procurar no sé que, sin encuentrar.
Nosotros por la calle, aunque por medio vaso de cerveza. Las palabras de la desesperación, el tiempo que urge en defensa propia, el deseo de agarrar el ratito que mira con exquisita precisión la profundidad del alma de nosotros sin determinar el destino de la noche. Y el coraje... mira! El coraje se queda en el fondo del vaso, y a la menuda observación es como un rayo que nos atraviesa lleno de memoria en el ineludible paso del tiempo. Además, somos pajaros incansables. Hay gestos para la emoción y la furia, para el cielo y el asombro.
escrito originalmente para a 'Luneta Mágica'
lances de alma
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Clarice Lispector
"E ninguém é eu, e ninguém é você. Esta é a solidão."
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"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
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"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
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"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
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"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo."
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"Eu sou uma pergunta."
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"Se eu fosse eu talvez eu não me conheceria."
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segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Amanara
O juízo, com as suas inconveniências me irritando: _Dia de sabatina no mestrado, precisa estudar!
Foi então que veio um “dane-se! mereço essa chuva”. Fiquei com ela. Temos uma história. Aproveitei pra pôr o pensamento em dia.
Basta! Chega de correria. O sangue pulsa, os dias não só passam pela vida.
O meu encontro comigo se dá em horinhas assim.
Felicidade é/não é uma coisa estabelecida.
sábado, 3 de novembro de 2007
A NATUREZA JÁ ESTÁ MUITO CANSADA
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As palavras perdem sentido, enquanto perdem sua cor o mar verde e o céu azul, que tinham sido pintados por gentileza das algas que lançaram oxigênio durante três bilhões de anos.
...e meu corpo anda mesmo pedindo um pouco mais de alma. *
Como o vinho que embriaga,
Se n’alma tristeza apaga,
Traz sonhos que não tem fim!...”
(Fagundes Varela)
Agora olhando mais de longe, começo a perceber que mandei minha alma pra casa errada.
*parafraseando Lenine - Paciência
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
(coisas velhas)
me silencio de estrelas quando horizonto os olhos
tudo cala no verde do momento.
Meus inteiros me decompõem para resto
árvores e libélulas me significam
hoje, estou coisa para vazios.