sábado, 31 de maio de 2008

Algumas almas tornam-se um vício e não conseguimos saber porque...

Sob livros desaparecidos e alguns ácaros

Entre um assunto e outro, entre um silêncio e outro, um rabisco, outro rabisco. Lápis e papel também são boa companhia em boa companhia. Não me lembro de tudo que conversamos. Acho que falamos em café, mas de plástico.
A minha satisfação não sabia que estaria para ser raptada dentro de 5 segundos e mais ou menos um pouco (não entendo porque me abalo).
Fiquei pensando então, em qual teria sido o meu melhor crepúsculo, a melhor leitura sem sapatos, de quais outonos tenho folhas guardadas, meu último inverno de pés gelados, o abraço mais triste e apertado...
Enumero algumas sensações e outro fato:
1 - Todas as coisas são mudas;
2 - Nenhum vento entra e ninguém sai, somente a sombra que rasteja não pode ser detida;
3 - Um ouvido paciente é capaz de ouvir o silêncio em toda a sua profundidade e extensão.

Escorrego na cadeira e olho o alto para onde lanço bolinhas de pensamento rasgado.
Fico cuspindo para o teto acertando sempre o mesmo lugar, como um daqueles personagens de Gogol.


(me esqueço no tempo como uma pedra)

domingo, 18 de maio de 2008

A la céation du monde, il y a des millions d'années, Guaraci, le soleil, et Jaci, la lune, s'aimaient. Mais ils se voyaient seulement quelques minutes le matin et le soir. Et encore, pas tous les jours! Et ils étaient très mallheureux. Guaraci attendait Jaci tout le jour. Quand, enfin, elle apparaissait, lui devait se coucher. Jaci attendait Guaraci toute la nuit. Quand il se levait, elleétait obligée de s'en aller. Un soir...

Caidocais

E tudo entra em movimento com o que se tem. Parto sempre de uma cacofonia trágica. A roda entra em curso quando me curvo em silêncio - é nele que me suicido em alguns dias pela manhã.
O tempo não pára. Nem todas as paredes permanecem. Busco apoio num canto imaginado, fecho os olhos de náufrago, umedeço uma única mão espalmada, sinto cheiro de óleo, água e sal. A soleira da porta é o marco que me detém. Abro meu reservatório de sonho e de janela e de horizonte construo duas únicas possibilidades. Lanço-me em legenda congelada. Um som de flauta me suga para o porto. Observo os navios que dormem envelhecidos, são todos muito parecidos comigo. O meu limite é o desassossego de uma palavra vazia. Desalojo um significado para pô-lo em lugar qualquer, não quero ter o que dizer-te.



(ainda fecho os olhos
para no escuro sentir o peso
da mão que segura a minha)

-sonhos futuros.

domingo, 11 de maio de 2008

The Beatles e as "inhas"

Antes de qualquer coisa é preciso dizer que eu sou uma pessoa calma e um tanto tolerante – às vezes até demais –, mas em alguns momentos alguma coisa escapa e o equilíbrio quase escoa pelo ralo. Não que eu faça escândalo, não. E nem sempre digo o que realmente penso por ter a impressão de que não vai valer a pena falar.
É comum que eu permaneça calada. Em alguns casos posso até arriscar algumas palavras que acabam escapando além da conta, diante do fato de o pensamento organizar uma revolta. Isso se dá mais ou menos com a agitação hormonal de determinados períodos e o incômodo de pessoas “inhas” que aparecem pela vida a fora.
Em resumo, pessoas “inhas” são aqueles tipos que “se acham”, pensam que uma lata de cerveja é um “tudo”, falam muita besteira, cospem pra conversar, etc. Bem, em detalhe, são uns tipos que nos fazem olhar para o lado e dizer: ai, que saco!
Normalmente, pessoa “inha”, em se tratando de música, é aquela que a-do-ra os Beatles, claro! Não que os Beatles sejam “inhos”, mas toda “inha” pra ter certeza de que não vai errar, é muito, mas muito-muito-muito fã dos Beatles, lógico! E, óbvio, não conhece muita coisa de música, é quase sem repertório. Então, são só Beatles pra cá, Beatles pra lá... coitados dos Beatles.
Ok! John, Paul, George e Ringo, me perdoem! Absolutamente nada contra vocês. Mesmo com aquele corte de cabelo ridiculamente ridículo dos primeiros anos e aquele figurino arrumadinho demais, mauricinho demais, lambidinho demais, apesar ainda de terem se tornado uma moeda, nada mesmo contra os rapazes.
Em se tratando do sucesso, precisamos atribuir parte do mérito de os Beatles terem chegado aonde chegaram a Brian Epstein. O talento por si não seria suficiente. Prova disso foi a dissolução do grupo em 1970, quando tiveram que ser empresários de si mesmos, após a morte de Brian. E da tonelada de músicas gravadas, apesar de ouvi-las, penso que tem por lá umas sobras, alguma coisa comercial demais, produção por produção demais.
Outro dia estava lendo uma reportagem que falava da briga de Yoko Ono com uma associação de colecionadores pelos direitos autorais sobre um vídeo onde o ex-Beatle John Lennon aparece fumando maconha. Hilário! Não teriam coisa melhor pelo que brigar? No fim, acabaram concordando em não divulgar a imagem até que a questão sobre os direitos autorais seja resolvida.
Agora me pergunto, o que teria de tão especial em ver John fumando maconha?

_Alô-ou... Existem coisas melhores onde se apoiar, é preciso abrir a cabeça.

Ok! Isso não significa que eu não goste dos Beatles, mas comecei a ver defeitos demais, bobeiras demais em torno deles, especulação demais, e gosto barato demais, ... depois da “inha”.
É uma pena.
Putz! Que estrago uma “inha” não faz...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Os cravos do tempo

Tenho memória de tudo que esqueço, medo do que não sinto, saudade do que não vivi. Restam-me histórias sobre coisa alguma, fragmentos de dias solúveis, silêncios que descem abertos, um som diferente de chuva caindo num timbre que transborda. Minha realidade é bem estreita. Tem um lugar em mim que é muito longe. Meu abraço é de árvore. Ainda não me sei. Não consigo pensar o nada, me deixo sem nome.

sábado, 3 de maio de 2008

Pobres, porém, livres!

"Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim
Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres."

(O Bando de Maria)


(Voando trança por aí, sem eira nem beira, viola nas costas, pouca bagagem no saco, sem relógio nem calendário e um único par de botas.)
Eu gato sumiu...

Seguir os passos de um Andarilho é sempre 'Pensamento e Lâmpada' *

Há 1001 lugares e motivos para não desistir de uma volta por aí.
Um beijo para o Johnny & abraço forte para o Walker.

Não morro sem...
http://1001albuns.blogspot.com/



*(leia-se: 'Idéia Brilhante')