domingo, 18 de maio de 2008

Caidocais

E tudo entra em movimento com o que se tem. Parto sempre de uma cacofonia trágica. A roda entra em curso quando me curvo em silêncio - é nele que me suicido em alguns dias pela manhã.
O tempo não pára. Nem todas as paredes permanecem. Busco apoio num canto imaginado, fecho os olhos de náufrago, umedeço uma única mão espalmada, sinto cheiro de óleo, água e sal. A soleira da porta é o marco que me detém. Abro meu reservatório de sonho e de janela e de horizonte construo duas únicas possibilidades. Lanço-me em legenda congelada. Um som de flauta me suga para o porto. Observo os navios que dormem envelhecidos, são todos muito parecidos comigo. O meu limite é o desassossego de uma palavra vazia. Desalojo um significado para pô-lo em lugar qualquer, não quero ter o que dizer-te.



(ainda fecho os olhos
para no escuro sentir o peso
da mão que segura a minha)

-sonhos futuros.