sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A casa das sete mulheres

são dias de pipoca e chimarrão. muitas mulheres conversando e sempre às voltas com experiências culinárias. quanto a isso nunca me arrisco porque ninguém deixa. meu posto é de auxiliar da auxiliar. se começo a derrubar coisas me expulsam logo da cozinha, aí me resta ficar escorada no portal. só me chamam na hora de apertar botões ou girar a manivela da máquina de fazer macarrão ou quando algum aparelho dá prego. não que eu saiba consertar, mas vou lá fuçar e dar umas socadas. sempre funciona, aí levei fama.
é um tal de fazer pão, cuca, cueca virada, massa caseira pra isso e aquilo e não sei o que mais. todo dia a tarde tem pipoca. a cuia do chimarrão fica fazendo a roda desde antes do café da manhã e vai até o fim do dia. o assunto não acaba nunca. todo mundo ri muito, fala alto e ao mesmo tempo.... a mãe e a dinda conversando no dialeto italiano que cresceram ouvindo na casa dos pais. (que saudade de quando eu era criança lá na casa da nona!)
paro no portal, o mate com fumacinha e me pego observando o movimento e a falação como alguém que chega, estrangeira. mulheres na cozinha, homens na sala e na varanda, crianças correndo e cachorro atrás... a cena é até engraçada pra quem anda acostumada com solidão.