segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Capítulos de uma Dissertação - II

nesta tarde de dezembro estou aqui, com saudade de sentar no meio fio e dividir um pouco de coisinhas, sejam fúteis ou sérias ou até um pouco de silêncio, mas daquele silêncio bom de dividir. às vezes penso que qualquer hora dessas acabo emudecendo, de jeito que esqueça pra valer como é conversar. tenho estado muito pouco tempo com as pessoas que gosto. começo a pensar que há algo se apagando em mim, estou desaparecendo.
se estou bem? acho que sim, mas tem uma sensação lá no fundinho de perda, de algo se quebrando sem ainda se romper por definitivo. às vezes essa sensação cresce e dá ansiedade, aborrecimento, vontade de chorar, descontrole. não sei do quê nem de onde. depois passa e até esqueço por um momento que tenho estado assim.
a dissertação nunca pergunta como estou. é daquele tipo com dupla personalidade - detesto tipos de veneta -, uma hora me sai macia, carinhosa, outra me trata com pouco caso, estupidez. não gosto porque me faz perder o encanto. no amor, ter encanto é fundamental. quando o encanto se vai... puff! já era. já pensou se o pequeno príncipe se transformasse num sapo pra sua flor? nem as lembranças ela desejaria.
tem alguma coisa turvando meus olhos ou são, de fato, manchas verdes que vejo ali?
eu quero entrar na minha nave espacial e pousar lá no mirante da Chapada, descer até aquela pedra na beirinha do paredão onde quase ninguém vai. meus olhos sentem necessidade de olhar longe. dormiria lá mesmo.
não sei em que ponto do caminho meus pensamentos se perderam.