sábado, 13 de setembro de 2008

Eu moro num fim de rua. Minha casa fica na parte baixa, onde a rua termina. É no meu portão que ela morre... ou nasce.
A rua é uma linha reta ladeada por árvores médias, formando um corredor que sobe e afunila. Daqui, olhando lá em cima, a fronteira é de asfalto e céu.
E é desse ângulo que eu vejo a lua, toda cheia nascendo lá na fronteira. Ela surge no meu pedaço de horizonte, justo no meu pedaço de horizonte. Quando isso acontece, a impressão de quase sempre, no início, é de que ela vai se soltar e rolar ladeira abaixo. E eu teria a lua na concha da minha rua em frente ao portão. Mas ela continua eternamente firme, enorme, subindo, eclipsada ou não, cheia ou não, enquanto a gente gira pra direita, enquanto eu continuo sobre a mesma superfície, olhando, lívida, imóvel, pregada num risco qualquer do chão.